“A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte de prata.”
Hilda Hilst
No último final de semana, Hilda e Bethânia me visitaram.
Sugiro que, para continuar, você escute o seguinte link:
Casa, casa, casa…
Nossas casas, nossos corpos, nossos espaços de silêncios, de memórias, de recuo, de amor, de solidão, de compartilhamento, de impermanências, de segredos, de sermos quem somos sem medo.
No sábado, dia 23 de março estivemos na Casa do Sol, casa em que morou Hilda Hilst. Casa de sua inspiração, casa de suas lúcidas palavras. Casa que compartilhou afetos (milhares!) com amigos, amores e de onde saía inspiração para suas obras. Casa de muitos cães.
No domingo, dia 24 de março estivemos em nossa casa-abrigo, a Rosa dos Ventos, renovando, limpando, reerguendo sonhos, assistindo a história que fomos um dia e sonhando com a história que seremos. Casa que tem se tornado uma jovem senhora nos sonhos de novas jovens moradas, que renovam o espaço. Casa de um cão.
Hoje, estou em casa, casa que cuida de mim e de meus amores, que é abrigo para meus pensamentos loucos, que é abrigo no processo de cura de um úmero ferido.
Casa de casal, de cão e de gatos.
Então percebo que eu tenho muitas casas:
A casa que não me deixa me esconder de mim.
A casa sagrada, que me faz entrar em contato com o divino.
A casa que me inspira e abriga nossas loucuras criativas.
Essas muitas casas que me abrigam.
Corpo, casa abrigo de minha alma. Casa, corpo abrigo de mim mesma.
E, de repente, mesmo nessa loucura toda que estamos vivendo, por um instante mágico, estou em casa, estou segura do caminho percorrido.
Erika Cunha.